quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ORIGEM DE EXU







DIFERENTES ORIGENS DE EXU


Diferentes origens de Exu são narradas em diversos itans de Ifá. Uma delas, que determina a ligação existente entre Exu e Orunmilá, contida no Odu Ogbehunle, conta que:
Quando Olodumare e Obatalá estavam começando a criar o ser humano, criaram, antes, a Exu. Tendo visto Exu na casa de Obatalá, Orunmilá demonstrou o desejo de possuir um, mas foi-lhe recomendado que voltasse um mês mais tarde porque tudo o que vira estava ainda em fase experimental. Inconformado, Orunmilá insistiu tanto que Obatalá resolveu atender à sua vontade, orientando-o para que pusesse as mãos sobre a cabeça de Exu e que, voltando para casa, fizesse sexo com sua mulher. Tudo foi feito de acordo com a orientação de Obatalá e, doze meses depois, Yebìirú, mulher de Orunmilá, deu à luz um filho do sexo masculino e porque Obatalá dissera que a criança seria Alágbára (Senhor do Poder), Orunmilá resolveu chamá-lo de Elégbára. Logo que seu pai pronunciou seu nome, a criança começou a chorar e a dizer: Iyá, iyá, ng o je eku - (Mãe, mãe, eu quero comer preás). Ouvindo os apelos de seu filho, a mãe respondeu de imediato: Omo naa jeé! - Filho, come, come! Omo l'okùn, - Um filho é como contas de coral vermelho, Omo ni de - Um filho é como cobre, Omo ni jìngìndìnrìngìn, Um filho é como uma alegria inextinguível, A mu se yì, mù s'òrun - Uma honra apresentável, que nos Ara eni. - nos representará depois da morte. O relato se estende mostrando como Exu, servido por sua mãe, devorou todos os quadrúpedes, aves e peixes e, não tendo mais nenhum animal sobre a face da terra, engoliu a própria mãe. Assustado com o ocorrido, Orunmilá consultou o oráculo e lhe foi recomendado fazer um ebó composto de uma espada, um bode e quatorze mil caurís. Feita a oferenda, Orunmilá aproximou-se de Exu, que não parava de chorar e de gritar. "Bàbá, bàbá, ng ò je ó ó! " (Pai, pai, eu quero comê-lo!) - berrou o menino. Orunmilá, então, cantou a canção da mãe de Exu e quando este se aproximou para devorá-lo, atacou-o com a espada do ebó. Exu foi então cortado em duzentos pedaços e cada pedaço transformava-se num novo yanguí, num novo Exu. A perseguição se estendeu pelos nove oruns e, em cada um deles, Exu era seccionado em duzentas partes e cada uma delas se transformava num novo yanguí. No último orun, depois de ser novamente retalhado, Exu propôs um pacto a Orunmilá: Cada Yanguí seria uma representação sua e Orunmilá poderia consultá-los e mandá-los executar trabalhos sempre que fosse necessário. Orunmilá, então, perguntou-lhe por tudo o que havia devorado, inclusive sua mãe, e Exu respondeu:
"Òrúnmìlá kí o maa kési oun bí ó bá féé gba gbogbo àwon nkan bi eran ati eye tí òun ó máà ràn án lówó láti gbà padà fún láti owo àwon Omo aràyé”. (Orunmilá deveria chamá-lo se ele queria recuperar a todos e cada um dos animais e das aves que ele tinha comido sobre a terra; ele (Exu) os assistiria para reavê-los das mãos dos seres humanos).
O que a lenda ensina é que Exu é um só subdividido em incontáveis partes e desta forma, todos os seres humanos, animais e vegetais, assim como os próprios orixás possuem os seus Exus individuais. Exu é o comunicador, o intermediário, o policial, o juiz e o carrasco e, da mesma forma que castiga os malfeitores, premia aqueles que agem corretamente. Exu é, portanto, a divindade de maior atuação no contexto religioso do candomblé. Exu resulta da interação Obatalá-Oduduwa e como o primeiro elemento procriado seria a personalização da energia que reúne os átomos, possibilitando a diferenciação da matéria a partir de uma essência única. Ele é o grande transformador, o comunicador, o intermediário entre os homens e as divindades e entre estas e o supremo criador. O termo "Esu" pode ser traduzido como esfera. Elegbara é um dos títulos honoríficos de exú que significa: "aquele que possui poder ilimitado", e bara, elegba e legba são sinônimos ou corruptelas desta palavra. Ambos os termos se referem ao orixá exu, do qual se desconhece a existência de uma manifestação ou de um aspecto feminino. Exu é sempre masculino e seus símbolos são fálicos. As estatuetas que o representam possuem sempre um grande pênis em permanente estado de ereção. Èsú,
Elégbára, Elégba ou ainda Légba, seriam os nomes pelos quais é conhecido este poderoso Orixá, o primeiro criado por Obatalá e Oduduwa, tendo Ogun como irmão mais novo. O culto de Exu é muito individual. Cada indivíduo, assim como cada coisa possui o seu Legba, podendo, portanto, edificar o seu assentamento, onde poderá cultuá-lo e apaziguálo.
Por sua importância e atributos, Exu é sempre o primeiro a ser homenageado e cultuado em todos os procedimentos ritualísticos. Seu caráter é ambíguo e faz o mal ou o bem de acordo com sua própria conveniência. A atitude do africano diante desta divindade é de profundo respeito devido ao seu poder de atuação sobre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, a riqueza e a miséria, de acordo com as determinações de Olodumare, de quem é o executor de ordens. Por este motivo, todos os seguidores da religião procuram estar bem com ele, evitando desagradá-lo para não se exporem à sua ira. Exu possui muitos nomes ou títulos honoríficos. Dentre estes destacamos:


LOGEMO ORUN: Indulgente filho do céu.
A N'LA KA'LU: Aquele cuja grandiosidade se manifesta em plena praça.
PÁPÁ WÀRÀ: Aquele que apressadamente, faz com que as coisas aconteçam de repente.
A TÚKÁ MA SE SA: O que ele quebra em pequenos pedaços jamais poderá ser reconstituído.


Exu possui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sempre encimadas por uma lâmina ou ponta afiada, bastões fálicos, etc... O Orixá Exu é o único dentre todos os demais, que tem seu campo de ação ilimitado, podendo atuar em todos os níveis da existência universal, permitindo por este motivo, que seja classificado tanto como Funfun como também como Ebora, tamanho é o seu poder de agir livremente. Exu é um só, embora possa manifestar-se de diversas e diferentes formas, sempre de acordo com a função que esteja exercendo, o papel que esteja desempenhando. Deus dos desvalidos, protetor de ladrões, arruaceiro, saltimbanco e mágico por excelência, assim é Exu, que só é coerente com sua própria incoerência e cuja fúria se aplaca com facilidade, mas que não conhece o perdão nem a piedade. Exu pode fazer as coisas mais incríveis e este seu atributo se exprime em trechos de seus orikís, conforme cita Pierre Verger.
Exu faz o erro virar acerto e o acerto virar erro. É numa peneira que ele transporta o azeite que compra no mercado e o azeite não escorre desta vasilha.
Ele matou um pássaro ontem, com uma pedra que só hoje atirou. Se ele se zanga, pisa nessa pedra e ela põe-se a sangrar. Aborrecido, ele senta-se na pele de uma formiga.
Sentado, sua cabeça bate no teto; de pé, não atinge nem mesmo a altura do fogareiro.
Na África existem relatos históricos sobre a existência de um personagem chamado Èsú Obasin que teria sido um dos acompanhantes de Oduduwa quando de sua chegada a Ifé.
Segundo Epega, este personagem viria, mais tarde, a ser coroado rei de Ketu sob o nome de Èsú Alákétu. Como Orixá, Exu é o guardião das cidades, das casas, dos templos e das pessoas, servindo também, de intermediário entre os homens e os deuses. Na África, assim como no Brasil e em Cuba, nada se faz sem que antes, oferendas lhes sejam feitas, antes mesmo de qualquer outro Orixá. Exu é representado, entre os yorubás, por uma pedra chamada Yanguí, por uma cabeça ou corpo humano modelados em barro com
olhos, ouvidos e bocas marcados por búzios, por pequenas estatuetas de madeira enfeitada com fieiras de búzios ou por simples símbolos fálicos, como o ogó, bastão de madeira que porta sempre e que lhe atribui o poder de deslocar-se rapidamente para pontos distantes. Os elégun de Èsú, na Nigéria, recebem o nome de "OLÚPÒNA", participam das cerimônias em louvor aos demais Orixás e, em Holi, dançam nas cerimônias realizadas a cada quatro dias em honra a Ogun. Nestas cerimônias, os oluponan dançam carregando nas mãos os seus ogós.
No Brasil, por influência do cristianismo, esta magnífica entidade foi comparada ao diabo e, deste sincretismo, criou-se a imagem de Exu provida de rabo e chifres, portando tridentes e por vezes dotado de asas como as dos morcegos. Nas práticas umbandistas encontramos um outro tipo de manifestação de espíritos aos quais, talvez por influência do sincretismo com o Diabo, convencionou-se dar o nome de Exú. Estas entidades, que se apresentam sob diversas denominações tais como, Marabô, Tranca-Ruas, Veludo,
Caveira, Pomba Gira, Maria Padilha, Molambo, etc., são na verdade, eguns, que se manifestam em seus médiuns para cumprirem as missões que lhes foram impostas, da mesma forma que outras que se identificam como pretos velhos, caboclos, boiadeiros,  ciganos, etc.
É necessário que se saiba a diferença entre Exú-Orixá e estes outros tipos de entidades que não se encontram na mesma categoria hierárquica e que devem ser tratados e reverenciados de forma diferente e específica. Independente de não serem Orixás, estes seres espirituais possuem força e poder para resolverem problemas e prestarem auxílio a tantos quantos a eles recorram. O fato de Exu ser sincretizado com o diabo não serve, no entanto, de motivo para que cause grande terror entre os adeptos que sabem que, uma vez tratado convenientemente, servirá de protetor trabalhando para o bem. Todavia, o sincretismo faz com que poucas pessoas sejam consagradas a este Orixá. As oferendas de Exu são, geralmente, entregues nas encruzilhadas e que ele gosta de comer galos e bodes, de preferência pretos, assim como farofas de dendê e outros pratos preparados com este óleo, embora se saiba que Exu come de tudo, com exceção de um óleo denominado àdi     extraído dos cocos existentes dentro dos caroços de dendê. Exu aprecia ainda, oferendas compostas de bebidas alcoólicas e charutos. No Brasil, seu colar é composto de contas  pretas e vermelhas alternadas uma a uma ou de sete em sete. Assim como na África, suas oferendas são entregues antes de qualquer Orixá, e, antes de cada festa ritualística é preceituado numa cerimônia denominada "Ipadê" termo que, em Yoruba, significa "reunião".
Na Bahia, afirma-se existirem 21 Exus dos quais destacamos os seguintes: Exu Alaketu, Exu Laalu, Exu Ijelu, Exu Akesan, Exu Lonan, Exu Agbô, Exu Barabô, Exu Inan, Exu Tiriri e Exu Odara. Em Cuba, da mesma forma que no Brasil, Exu também foi sincretizado com o Diabo embora, lá, o Culto de Orunmilá tenha melhor preservado a verdadeira identidade do Orixá. O caráter ambíguo de Exu, assim como o seu poder ilimitado é plenamente reconhecido pelos adeptos cubanos, tanto no âmbito da santeria como também em Ifá. Os babalaôs cubanos afirmam existirem cerca de duzentas qualidades de Exu ou Elleguá - como o chamam - oriundas dos 256 Odu-Ifá, explicando que, o Exu individual de cada pessoa será sempre aquele que vier através de seu Odu pessoal.
continua ................

Um comentário:

Anônimo disse...

gostaria de saber meis sobre o sobre nomes dos caboclos de ganga por exemplo maria quiteria das almas ...depois do nome das almas ela tem um sobre nome qual o seu signoficado/