domingo, 12 de junho de 2011

ORI - CIÊNCIA DE VIVER

                                
                            
                           ORI


I - Atitudes diante da necessidade 
Estar vivo implica ter necessidades. As necessidades são impositivas, inescapáveis. Por isso, é fundamental aprender a lidar com elas. Aqui vão alguns fundamentos práticos para isso; 
(1): É preciso cultivar a paciência, pois, se existem necessidades que conseguimos satisfazer rapidamente, muitas outras exigem que saibamos esperar. 
(2): Saber esperar exige perseverança, capacidade de não desistir, de não desanimar. 
(3): Devemos compreender que certas necessidades exigem que acumulemos méritos por muito tempo. 
(4): Outras cobram de nós que nos fortaleçamos. 
(5): Outras ainda que nos transformemos. 
(6): E não se esqueça de cultivar sempre a autoconfiança, a firmeza e a consciência. Seguindo este cardápio, cedo ou tarde a maioria de nossas necessidades será satisfeita e, para nosso alívio, algumas delas perderão completamente a importância. “Aprenda a lidar com as necessidades sem se deixar arrastar por elas”. 
II - A atitude de educar-se e de educar os outros 
Educar-se é ter permanentemente a sua disposição uma fonte de água pura e cristalina. A sede de conhecer, de saber, de compreender deveria ser sempre estimulada, apoiada, pois ela torna os homens verdadeiramente humanos. Na medida em que bebemos das águas do conhecimento, elas podem, por nosso intermédio, se alargar, crescer, tornar-se um grande rio fluente que irá nutrir um incontável número de seres humanos. Na verdade, quem se educa acaba educando os outros, pois é levado a beneficiar seus semelhantes de várias maneiras. Por isso, educar-se é não apenas nobre, mas necessário, imprescindível mesmo. É também uma forma de retribuirmos à humanidade o que dela recebemos. 
I - A felicidade “Lembre-se diariamente que não há caminho para a felicidade; pelo contrário, a felicidade é o caminho”. Acreditamos, equivocadamente, que a felicidade é um estado que alcançaremos um dia, caso aconteçam algumas coisas que desejamos. Com essa atitude, vivemos tensos todos os dias de nossa vida, lutando para obter o passaporte para a felicidade. E a experiência nos mostra que os que tiveram a chance de realizar aquilo com que sonhavam logo se desiludiram e recomeçaram a procurar a felicidade em alguma outra quimera. Na verdade, a felicidade é um estado de espírito, uma disposição interior. É uma atitude diante da vida, do imenso privilégio de estar vivo. É o agradecimento que se faz diariamente por poder participar da vida neste planeta que é tão belo, embora, muitas vezes, tão desafiador. Felicidade é gostar de sorrir, é ser grato por existir. É, pois, um estado interior que pode ser cultivado diariamente. Só depende de sua atitude! 
II - Não pense negativamente 
Não invista sua energia na idéia de crises e infortúnios. Em vez disso, perceba que há, neste planeta, inúmeras possibilidades de progresso, e que são praticamente inesgotáveis. Existe, ao nosso redor, um poço sem fundo de novas idéias, que estão a nossa espera. Por isso, pense “progresso”, “prosperidade”, “possibilidades”. Fazendo isso, você naturalmente acessará a criatividade que dormita no fundo do seu ser. 
III - A autoimportância é um problema 
Todos nós temos de procurar encontrar nosso valor específico como indivíduos que somos. Isso é humano e natural. Mas é errado confundir essa atitude com a auto- importância. A autoimportância é uma força insaciável, pois está sempre exigindo que tenhamos mais poder, mais prestígio, mais fama, mais dinheiro, mais afeto, ou seja, mais tudo. Além disso, a autoimportância nos isola dos demais sem percebê-lo, pois nos convence de que somos superiores a todos, fazendo-nos viver uma ficção dolorosa e estéril. Dessa forma, vivemos em conflito com tudo e com todos, pois vemos em tudo uma ameaça em potencial a nossa autoimportância. Se refletirmos sobre isso, estaremos preparando terreno para que ela se torne menos tirana em nossa vida. Se acrescentarmos a essa visão o fato de podermos fazer decrescer dentro de nós o medo de não termos valor, nosso processo de libertação avançará a passos largos. “Nade liberto e feliz entre os obstáculos da vida”. 
I - Saber qual é a medida justa 
Saber qual é a medida justa para cada coisa, para cada situação, para cada ato é uma qualidade importantíssima. Precisamos colocar limites no que precisa ser limitado, abrir o que precisa ser aberto, atravessar as dificuldades da vida sem ser derrotado ou seriamente machucado. A medida justa tem, portanto, duas faces: por um lado precisamos refrear os excessos e, por outro, abrir possibilidades. Nesse sentido, podemos nos comparar a um carro que precisa ter breque, mas precisa também ter acelerador. Se praticarmos essa atitude, poderemos atravessar melhor qualquer crise que se apresente. 
II - Ser capaz de se por de acordo 
O acordo entre pessoas é a base do sucesso para qualquer iniciativa. Estar de acordo é o segredo da empresa bem sucedida, do casamento estável, do empreendimento artístico de sucesso e de muitas outras coisas. Estar de acordo fará superar todas as dificuldades que um casal obrigatoriamente encontrará na vida ou que uma empresa, ou de qualquer outro tipo de sociedade terá de enfrentar. Por isso, se pudermos desenvolver essa atitude em nós mesmos, se pudermos ser aquele que sempre procura estar de acordo, seremos estimados e valorizados de forma extraordinária. “Colocar-se de acordo com as pessoas e com a natureza é ficar em harmonia com o Todo”. 
III - A busca do progresso 
“Nunca desencoraje quem faz progressos contínuos, não importando quão lentamente o faça”. A busca constante do progresso, do aperfeiçoamento, de uma melhor qualidade é o segredo para estarmos mais vivos a cada novo dia. Quando não temos essa atitude como força motora, estamos estagnados sem percebê-lo. Por sermos humanos, somos dotados de uma capacidade de desenvolvimento ilimitada, em múltiplas direções. Se ignorarmos esse fato, limitando-nos a uma repetição mecânica de velhos atos monótonos, se nos deixarmos acomodar na “mesmice”, perderemos o brilho do olhar, pois estaremos perdendo o sabor de estar vivo. Andaremos e nos moveremos, mas não estaremos vivos de fato. 
IV - As três faces da vida 
“As mentes pequenas são subjugadas e vencidas pelos infortúnios, mas as grandes mentes erguem-se acima deles”. O fluir da vida nos oferece, basicamente, três cenários: infortúnios, momentos de boa-sorte e fases neutras. Cada um de nós passa, necessariamente, por coisas desagradáveis, agradáveis ou neutras. Se compreendermos esse fato com clareza, ou seja, que a Grande Dama chamada Vida tem três faces, os momentos difíceis ─ as chamadas crises ─ terão um impacto muito menos doloroso sobre nós. É fundamental que isso fique bem claro em nossa inteligência, pois a inteligência é a principal arma do ser humano. Armados dessa compreensão, ou seja, de que os cenários da vida se alternam para TODOS os seres humanos, poderemos nos elevar acima dos acontecimentos e continuarmos nosso caminho, seja ele qual for. 
I - A atitude do essencial 
De tempo em tempo, é muito útil, para nosso bem-estar, nos examinarmos com cuidado, para podermos discernir o que é realmente essencial em nós do que nos veio por intermédio do processo de educação, ou seja, pelos condicionamentos a que fomos submetidos. Desse ponto de vista, podemos dizer que temos dois lados: um que nos é inerente, e, portanto, genuíno, e outro que nos foi implantado de fora. O processo de nos implantarem algo é normal e universal. A grande vantagem, porém, de nos tornarmos adultos é que adquirimos a capacidade de olhar para nós mesmos a fim de perceber o que nos foi imposto por esse processo e o que é genuinamente nosso. Se exercitarmos esse olhar, pouco a pouco iremos distinguindo melhor o que de fato desejamos do que nos foi ensinado que deveríamos desejar; o que de fato pensamos em contraposição ao que todos pensam ao nosso redor; começamos a distinguir o que de fato amamos do que nos foi ensinado a amar; o que de fato somos daquilo que dizem que somos. Se praticarmos a atitude de olhar para nós mesmos, iremos, pouco a pouco, abandonando tudo o que não nos pertence. E isso nos tornará imensamente livres! 
II - A atitude que pode nos levar à abundância 
Se formos capazes de trabalhar com intensidade e, ao mesmo tempo, refinar nossa inteligência, cedo ou tarde a abundância e a riqueza virão até nós. Em outras palavras, precisamos cultivar, ao mesmo tempo, a nossa força e a nossa luz. Desenvolver a inteligência implica aprender a distinguir o verdadeiro do falso, o necessário do supérfluo, o certo do errado, o justo do injusto. Desenvolver a força significa não permitir que nossa energia de progresso degenere em avidez destemida; que nosso natural anseio por coisas boas não decaia em prazeres descontrolados; que nosso empenho em avançar não destrua nosso caráter. Se buscarmos essa atitude e a abundância vier nos beneficiar, poderemos dar o próximo passo que é manter a riqueza adquirida. Nessa etapa, é decisivo saber distinguir o que é real do que é apenas aparência. 
III - A atitude não conflituosa 
Podemos agir cotidianamente a partir de uma atitude belicosa, conflituosa, sem ao menos percebê-lo. Isso é muito comum entre as pessoas e é mais fácil notar essa atitude nos outros do que em nós mesmos. Vale, pois, a pena nos examinar para detectar esse tipo de disposição, escondida subterraneamente em nós mesmos. O fato é que uma atitude mais harmônica nos torna mais descontraídos, mais leves, mais agradáveis e o mundo ao nosso redor reage a isso de forma muito positiva. Estar em conflito é estar rígido. Estar em harmonia é estar relaxado. A disposição conflituosa é carrancuda enquanto a harmônica é sorridente. Podemos optar pela melhor disposição, mas, se não percebermos nossas atitudes subjacentes, como poderemos optar? 
IV - A atitude de lidar com os obstáculos 
Sempre existirão obstáculos em nosso caminho, por isso, é decisivo aprender a lidar com eles. Para isso, o primeiro passo consiste em sermos capazes de prevê-los, se não todos, pelo menos alguns deles. O fato de prevermos aumenta nossa força e diminui o impacto desagradável que uma oposição sempre nos causa. O segundo passo consiste em não batermos de frente contra as barreiras. É preciso respeitá-las e contorná-las. O terceiro passo consiste em sabermos quando agir contra aquilo que está opondo-se e quando devemos prudentemente nos retirar da situação. O último passo consiste em ficarmos preparados para jamais desistir totalmente de nosso intento, apoiados na convicção de que a perseverança faz milagres. “Se tivermos a força e a clareza necessárias, enfrentaremos com sabedoria os obstáculos que a vida nos impõe”. 
I - A atitude de manter-se aberto 
Estar fechado significa estar cheio de conceitos e rótulos de todo tipo, o que implica fazer julgamentos, sem parar. Esse fechamento tem como conseqüência direta uma contração afetiva, ou seja, gera barreiras emocionais que nos separam de tudo e de todos, tornando-nos verdadeiras ilhas humanas. Para que isso não aconteça, podemos nos inspirar na montanha que, por ser sólida e confiante, está aberta de todos os lados. 
II - A atitude de nutrição 
Todo ser humano tem necessidade de nutrir-se. Mas não necessitamos apenas do alimento físico: precisamos também alimentar nosso intelecto e nossa afetividade. Sabendo disso, devemos procurar nos alimentar bem em todos os sentidos. Para isso, precisamos aprender a ser cada vez mais inteligentes e a nos empenhar em desenvolver um coração cada vez mais afetivo. Para completar, vamos estimular os outros a fazerem o mesmo. 
III - A atitude de clareza 
É delicioso encontrar alguém que tenha clareza de espírito e de coração. Tudo que emana dessa pessoa faz bem para a nossa cabeça e o nosso coração. A receptividade dela nos acolhe e sua compreensão nos conforta. E o mais cativante é que ela nos mostra que podemos também ser totalmente claros. 
IV - A atitude de saber manter-se à distância 
Muitas vezes nos queixamos de alguém que nos fez algo desagradável. Geralmente essas coisas acontecem porque permitimos nos envolver com algumas pessoas de má qualidade ou com outras que são excelentes, mas confusas. Por isso, existe a arte de manter certo recuo, de manter certa distância em relação a algumas situações. Isso exige muita firmeza de nossa parte. Essa firmeza, porém, não pode descambar em má vontade e intolerância. Manter-se firme significa ter o controle interno dos nossos atos, enquanto, externamente, permanecemos tolerantes e generosos. “Mantenha-se firme em seu centro e o mundo à sua volta vai girar harmonicamente.

Texto: Paulo e Lauro Raful

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